Assistimos nos últimos dias a uma lamentável intromissão do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, no normal jogo democrático. A pressão sobre partidos para viabilizarem o Orçamento do PS não é inocente, nem admissível.
Não é admissível porque a negociação dos termos de uma eventual viabilização deve ser feita pelos partidos com liberdade e sentido de responsabilidade e a aprovação cabe ao órgão soberano Assembleia da República.
E não é inocente porque feita publicamente, com o intuito de aparecer perante a opinião pública como salvador da Pátria, afastando qualquer possibilidade de discussão que pudesse perturbar o objetivo da sua própria reeleição que quer converter em decisão plebiscitária.
O Presidente da República tem como missão assegurar o regular funcionamento das instituições. Mas, antes disso, tem de assegurar o regular funcionamento de si próprio, não ultrapassando as suas atribuições com evidente perturbação do equilíbrio democrático. Também nisso Marcelo está a falhar.